A raposa e as uvas

Uma raposa entrou faminta num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras.

Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu.
Por fim deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada disse: Olhando com mais atenção, percebo agora que as uvas estão todas verdes, e não maduras como eu imaginei a princípio.

E foi-se. Adiantaria se chorasse?

Nisto deu o vento e uma folha caiu.
A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se a farejar...

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Hoje conversei com o meu pai sobre a minha vida não-amorosa, coisa que eu não costumo fazer. Terminado de ouvir longas histórias, ele me disse: "Você é a raposa, de A raposa e as uvas." "Como assim?" Perguntei. "Eu não queria mesmo..." Ele respondeu me imitando.

Neguei. Disse: "Claro que não, eu não quero mesmo, já deu o que tinha que dar."

Mentira. Eu posso enganar a todos e mentir pra mim, mas cada folha que cai, no fundo eu volto atrás torcendo para que sejam as uvas.

"Eu não queria tanto assim; Não era bom o suficiente; Eu não estava nem ai..." Frases ditas por mim muitas vezes em diversas situações.

Por um lado eu tenho razão, não posso sair por baixo e mostrar minha fraqueza.

Por outro lado, nem sempre é justo desdenhar das uvas. E não posso me enganar, eu quero as uvas. Mas pra falar a verdade, talvez elas estejam mesmo verdes. Sei lá! Ás vezes a frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.